Acho que algumas coisas demarcam ou anulam nossa identidade, falo isso, porque não me lembro de quando usei a expressão “me poupe!”, a qual é reposta para muita coisa. É um não intolerante, o ponto final de um assunto, por vezes de uma conversa, um sinal franco de desdém e outras acepções que certamente aparecerão. Fato é que em nome da República, da democracia e do Estado de direito estas letras deveriam estar cravadas em um púlpito na tribuna da Câmara na tarde desse vexatório 17 de abril.
O vexame a que me refiro não é o do resultado, este, por ora deixarei a parte. A exposição mais vil, mais abjeta, mais retrógada e idiotizada da SOCIEDADE brasileira superou qualquer romance pastelão, Valdomiro Santiago, Xuxa e Angélica, Faustão e seus convidados e até mesmo o Big Brother.
Discursos tão rasos e superficiais em nome de Deus, de Bruna, de Patrícia, de Felipe, de Joãozinho, de Luluzinho e de todos Mauricinhos escancararam um congresso sem nenhuma profundidade política, sem o mínimo apreço pela democracia, sem compromisso com o Direito e com os direitos. Não se trata de uma corrente política, não se trata de um projeto de país (de um ponto de vista do todo) é a demarcação mais pura e simples da conveniência imediata, é o coronelismo mais vivo dando sinais claros de que ele se reinventa para ser o mesmo.
O que estava sendo exposto a cada cena, não era aqueles senhores e senhoras radiantes pela dignidade de suas fantásticas e pródigas carreiras, a exposição vil que se fez ali foi da sociedade brasileira, dessa gente que diz que político é tudo igual, que deveriam morrer todos, que política não é pra quem presta, quem entrou lá vai roubar mesmo. Essa gente não percebe que quando internaliza isso, tudo fica lindo?
Essa lógica é que desmobiliza, que cria o ambiente para a conveniência imediata em troca do voto, não é preciso bandeiras, não é preciso uma concepção de política, não é preciso uma concepção de Estado, não é preciso uma concepção de classe, basta somente um favor… E a cada favor filhos, netos, bisnetos dão sequencia a algo tão natural: usufruir de mandatos, prestígio, proteção do Estado e da vida privada, (da deles), esses seres iluminados que se perpetuarão na política até chegar a vez dos herdeiros!!! e pra quê que eu tenho que me preocupar com isso, não é?
Por Alessandro Rodrigues Brandão Correia
Coordenador de Programas de Extensão da UFRB
Mestre em Gestão de Políticas Públicas