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Jovens empreendedores: oportunidades x necessidades

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Os jovens brasileiros estão empreendendo mais, adaptam-se melhor às novas oportunidades de mercado, demonstram iniciativa para buscar oportunidades e informações sobre o seu negócio. Cerca de quatro milhões de jovens brasileiros entre 18 a 24 anos estão criando novos empreendimentos, atingindo um percentual de 25% do total de empreendedores do país.
“O papel do empreendedor não é de pessoas de ideias, e sim de pessoas que implementam oportunidades através de ideias que tiveram”.

No Brasil, nos últimos anos, temos visto um forte aumento na criação de novas empresas e de optantes pelo Simples Nacional, regime fiscal diferenciado e favorável aos pequenos negócios. Em dezembro de 2012, havia 7,1 milhões de empresas registradas nesse regime. Este número ficou 26% acima do verificado em dezembro do ano anterior. Em 2011, a expansão já havia sido de quase 30%. As mudanças que temos vivenciado no país, no contexto das políticas em favor dos pequenos negócios, têm proporcionado uma verdadeira revolução no ambiente desses microempreendimentos, e, entre as ações que vêm impactando positivamente o pequeno negócio, podemos citar a criação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, em 2006, a implantação do MEI (Microempreendedor Individual), em 2009, e a ampliação dos limites de faturamento do Simples Nacional, em 2012. A micro e pequena empresa no Brasil é conceituada com base nos critérios da legislação vigente, a Lei Geral da Pequena Empresa, que estabelece limites de faturamento bruto anual:

I – no caso das microempresas, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, que fature, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais);

II – no caso das empresas de pequeno porte, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, que fature, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais) (www.sebrae.com.br). Segundo estudos do Sebrae (2013), a criação anual de negócios formais no Brasil é de mais de 1,5 milhões de novos empreendimentos formais, e a maioria absoluta são pequenos negócios. A criação de novas empresas vem ganhando impulso em todo o território nacional, e, com isso, amplia-se também a responsabilidade dos órgãos de apoio, de acesso ao crédito e aos serviços financeiros, e do microcrédito produtivo orientado.

Características dos empreendedores no Brasil: O GEM- Global Entrepreneurship Monitor é um instituto de pesquisa, que iniciou os trabalhos em 1999, fruto de uma parceria entre o Babson College e a London Business School, com a missão de fornecer informações sobre o empreendedorismo no mundo, para os diversos pesquisadores sobre o tema. Em 2013, 69 países dos cinco continentes participaram da pesquisa GEM. O Brasil vem participando desta pesquisa há 14 anos, através da parceria entre o SEBRAE- Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas e o IBPQ – Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade. No período de 2011 o GEM passou a contar com o apoio técnico do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da Fundação Getúlio Vargas, e, em 2012, o GEM Brasil entrou em uma nova etapa, com o aumento significativo da amostra pesquisada, de forma a não só melhorar as estimativas no nível nacional como também permitir análises regionais. A respeito do perfil dos empreendedores, nos resultados apresentados da pesquisa GEM-2012, a proporção dos empreendedores iniciais do gênero masculino, no total de empreendedores brasileiros foi um pouco superior à do feminino, enquanto que na pesquisa divulgada pelo GEM-2013, ocorreu uma inversão dessa realidade: o percentual de empreendedores iniciais do gênero feminino (52,2%) se tornou maior do que o masculino (47,8%). Hoje, as jovens mulheres são maioria dos empreendedores iniciais, em quase todas as regiões do Brasil.

A Tipologia do empreendedorismo: Oportunidade (x) Necessidade.

Na metodologia do GEM existe uma tipologia de empreendedores: o empreendedor de oportunidade, o indivíduo que é motivado a empreender, pela percepção de uma oportunidade ou um nicho de mercado pouco explorado; e o empreendedor de necessidade, o indivíduo que é motivado a empreender quando não tem alternativa razoável de ocupação e renda.

Na pesquisa (GEM 2012), os principais pontos destacados foram: a proporção de empreendedores por oportunidade é maior entre os empreendedores homens (73,9%) do que entre as mulheres empreendedoras (64,5%); a proporção de empreendedores por oportunidade é maior entre os empreendedores mais jovens. Como era de se esperar, quanto maior o grau de escolaridade, maior é a proporção de empreendedores por oportunidade.

Os maiores percentuais de empreendedores por oportunidade encontram-se nas menores faixas de renda. Sobre essa realidade, que inicialmente gera certa surpresa, podemos levantar a hipótese de que, dadas as condições recentes de dinamismo do mercado interno da economia brasileira, a taxa de empreendedorismo por oportunidade é elevada, mesmo em faixas de renda relativamente baixas. Além disso, devemos observar que o limite superior da faixa de até 3 salários mínimos e a faixa de 3 a 6 salários mínimos significam rendimentos que não são tão pequenos, quando comparados com a renda média dos ocupados no Brasil. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2011, o rendimento médio do trabalho principal das pessoas de 16 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência e em trabalhos formais e informais, foi de R$ 1.311,56 (IBGE. Síntese dos Indicadores Sociais 2012). Schumpeter (1961), a partir da sua abordagem econômica, identifica que os empreendedores estão associados à inovação na criação de seu próprio negócio, buscam novas oportunidades, com novas formas de uso dos recursos naturais, humanos, e o psicólogo americano David McClelland, o qual defende o ponto de vista do empreendedorismo com base nos traços de personalidade e nas Características de Comportamento Empreendedor (CCEs).

No Seminário Empretec (SEBRAE) é trabalhado todo o conteúdo das 10 Características de Comportamento Empreendedor e os 30 comportamentos empreendedores que as compõem. O principal objetivo do Seminário é possibilitar que o indivíduo desenvolva e aplique estes comportamentos à sua realidade e seus negócios. No conjunto de realização, o empreendedor aplica a busca de oportunidade e iniciativa; aprende a correr riscos calculados; compreende os níveis de exigência de qualidade e eficiência; desenvolve a persistência; identifica a importância do comprometimento. No conjunto de planejamento, as características estudadas são: Busca de informações; estabelecimento de metas; planejamento e monitoramento sistemático. No conjunto de poder: Persuasão e rede de contatos; independência e autoconfiança.

Os jovens brasileiros estão empreendendo mais, adaptam-se melhor às novas oportunidades de mercado, demonstram iniciativa para buscar oportunidades e informações sobre o seu negócio. Cerca de quatro milhões de jovens brasileiros entre 18 a 24 anos estão criando novos empreendimentos, atingindo um percentual de 25% do total de empreendedores do país. Este percentual coloca o Brasil na terceira posição no ranking mundial, segundo dados da pesquisa do GEM-2008. Existe uma mudança de comportamento e de valores desta nova geração “Y”, jovens nascidos entre os anos 80 e 90, que foi educada para contestar os velhos valores corporativos.

Os jovens da geração “Y” possuem espírito aberto para o novo, estão sempre dispostos a colocar em prática diversos comportamentos empreendedores, e a aprender com seus próprios erros. São pessoas nascidas e criadas na evolução do mundo digital, inquietos, impacientes e com um insubordinado traço de personalidade. Segundo a pesquisa do GEM- 2008, 65% destes jovens, abrem uma empresa porque enxergam uma boa oportunidade de negócios, enquanto 32% o fazem por necessidade.

Hoje, no Brasil, um em cada quatro jovens que se dedicam a abrir seu próprio negócio, tem nível superior. Nasce uma nova geração de empreendedores, jovens que assumem a responsabilidade por criar inovação de qualquer espécie dentro da organização. São pessoas sonhadoras que realizam e buscam transformar uma ideia em uma oportunidade lucrativa.

Artigo de Rosival Moreira Fagundes

• Mestrando em Desenvolvimento e Gestão Social-UFBA;
• Especialista em Gestão Empresarial – Universidade São Gonçalo-RJ;
Pós-graduado em marketing pela FTE_Salvador-Ba
• Especialista em Marketing – FTE/Faculdade de Tecnologia Empresarial Salvador/BA;
• Administração de Empresas – UNIFACS;
• Programa de Extensão em Formação de Consultores – UNIFACS/BA;
• Coordenador e Professor das disciplinas : Mercadologia 1 e Mercadologia 2 do curso de Administração das Faculdades Integradas de Jequié.