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Mutirão de exames oftalmológicos para crianças com suspeita de microcefalia

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Em menos de um ano, a vida da comerciante Suzana Santana mudou completamente. Quando estava grávida de oito meses, ela recebeu a notícia de que a filha Ana Laura, hoje com três meses de idade, tinha microcefalia. Para lidar com o novo contexto, deixou Paulo Afonso, no Vale do São Francisco, e passou a morar em Salvador, onde o suporte à saúde ainda é maior. Na manhã desta segunda-feira (21), Suzana, acompanhada do marido, marcou presença no mutirão para exames oftalmológicos em bebês com microcefalia.

A iniciativa foi realizada no Hospital Geral Roberto Santos, localizado no bairro de Narandiba, na capital baiana, para o acompanhamento da saúde dos recém-nascidos. “O mutirão é maravilhoso. Para realizar alguns exames ainda é muito difícil, mas uma ação como esta democratiza os serviços de saúde”, afirmou Suzana.

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A microcefalia é uma condição rara em que o bebê nasce com o crânio de perímetro menor ou igual a 32 centímetros. De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), em toda a Bahia foram notificados, até o último dia 19, mais de 271 casos suspeitos da doença. Os casos ocorreram em 62 municípios, tendo Salvador registrado 141 casos. Dentre o total de casos no estado, foram notificados dez óbitos nos municípios de Salvador (2), Itapetinga (1), Olindina (1), Tanhaçu (1), Camaçari (1) e Itabuna (1), Campo Formoso (1), Alagoinhas (1) e Crisópolis (1). Todos os casos estão em investigação.

Há pouco tempo, indícios apontaram para uma possível relação da microcefalia com problemas oculares. A suspeita mobilizou diversos profissionais da saúde a intensificar os trabalhos.

“Nós começamos a avaliar pacientes com microcefalia e observamos uma série de lesões no fundo do olho, que não era comum em pessoas que não possuem a doença. É importante deixar claro que não existe certeza da relação, mas a coincidência chamou atenção e estamos investigando isso”, explicou o coordenador do mutirão, o oftalmologista Bruno Freitas.

Fotos: Camila Souza/GOVBA
Fotos: Camila Souza/GOVBA

Durante toda a manhã, os bebês foram submetidos a avaliações médicas e tiveram que dilatar as pupilas antes da realização do mapeamento da retina. Para o procedimento, os profissionais da saúde contaram com um equipamento de alta tecnologia, denominado Retcan, que permite uma percepção maior da estrutura ocular dos recém-nascidos.

Para a dona de casa, Viviane da Conceição, mãe de Igor Rafael, que também teve a doença constatada, ter o suporte para cuidar da saúde do filho tranqüiliza. “A microcefalia é uma doença que tem se popularizado por agora. Ainda é algo muito novo para muita gente. Nós, mães, buscamos apoio para aprender a lidar com isso tudo. Trouxe o meu filho para acompanhar o quadro de saúde dele, e espero que esteja tudo bem”.

A microcefalia pode ser decorrente do zika vírus, que, a exemplo da dengue e da chikungunya, é contraída pela picada do mosquito aedes aegypit. A doença ainda não pode ser combatida com medicamentos ou tratamentos, mas estudiosos já estão debruçados no assunto em busca de alternativas.

“No mundo inteiro ainda não existe uma maneira de combater a microcefalia. O trabalho que pode ser feito no momento é a prevenção. O combate ao mosquito é uma maneira de evitar que o surto aumente”, disse oftalmologista e professor da Universidade Federal de São Paulo, Rubens Belfort Junior, que acompanhou o mutirão no Roberto Santos.

Repórter: Leonardo Martins