Ao ser nomeado pelo governador Rui Costa Secretário de Saúde da Bahia, Fábio Villas-Boas foi contestado por uma ala da politica que preza pelas articulações politicas no governo, vez que o novo secretário de Saúde mostra um perfil técnico e pouco político.
Com a adesão de funcionários do estado a greve, o Secretário Fábio Villas-Boas voltou a ser noticiado por toda imprensa do estado. As principais declarações repercutidas pela imprensa, no entanto, foram as de que todo o movimento teria o dedo do seu antecessor, o deputado federal Jorge Solla. “Estas ações, com o objetivo de causar desgastes, são exclusivamente de pessoas e movimentos sociais controlados por Jorge Solla. Trata-se de uma retaliação, de cunho pessoal, às medidas que tomei para corrigir distorções e procedimentos considerados irregulares”, disparou Villas Boas.
Ao conceder entrevista a Coluna Satélite, do Correio da Bahia, o chefe da Sesab rebateu e afirmou que as críticas de falta de habilidade política são “falsas” e “manipuladas”. “Tenho total trânsito entre deputados da base, com os quais me relaciono muito bem e de quem ganho elogios explícitos por minha capacidade de diálogo. Recebe prefeitos diariamente. Até hoje evitei responder a qualquer tipo de provocação. Mas cansei. Vou combater essa estratégia agressiva”, rebateu.
Em contra-argumento, o deputado federal Jorge Solla, em nota encaminhada ao Blog Itiruçu Online, afirmando que a posição política adotada pelo secretário de Saúde da Bahia não colabora para pôr fim à greve que enfrenta.
Leia abaixo a nota do deputado Federal comentando as declarações do Secretário de Saúde Fábio Vilas-Boas.
Nota de Esclarecimento
Assim como nas outras oportunidades em que sua gestão foi confrontada com críticas, o secretário mais uma vez se utiliza da recorrente estratégia de tentar encontrar em mim um virtual adversário e assim simular uma falsa polarização. A tática se esgota na medida em que é usada à exaustão e perde verossimilhança.
Esta manobra é prejudicial para o avanço das negociações porque não tem base na realidade. Pode, na verdade, ter o efeito contrário: ao tentar impingir à pauta dos trabalhadores uma face de politização e revanchismo, o secretário tenta retirar a legitimidade do sindicato. Não é colocando em dúvida o lugar de fala do interlocutor que se inicia o diálogo para um acordo.
Acusar-me de “orquestrar” movimentos de trabalhadores contra as medidas adotadas pela atual gestão é mais uma demonstração de que o secretário pouco conhece de minha trajetória política e nada entendeu dos posicionamentos públicos que fiz nestes quase oito meses de gestão.
Agi sempre no sentido diametralmente oposto, marcando posição nos temas em que considerei oportuno, alertando previamente para equívocos e suas possíveis consequências. Como método, sempre usei dos espaços públicos de discussão política – arcando consequentemente com todas os desgastes e repercussões.
Repudio com toda a veemência a ilação de que de mim partiram conspirações ocultas contra uma gestão que ajudei a eleger. Mais que isso, que carrega a marca do PT, partido que ajudei a fundar e construir há mais de 35 anos.
Eleito também com os votos dos trabalhadores da saúde, tenho não só a atribuição, mas a obrigação de lutar por políticas que considero importantes para a saúde pública em nosso estado. Sob este princípio, me posicionei contrário às extinções das Dires, das farmácias populares, do Programa Saúde em Movimento e do Rastreamento de Câncer de Mama, bem como contra o desabastecimento da rede própria sobre gestão direta, e o rompimento dos acordos de cogestão pública com a Ufba em relação ao Hospital Ana Nery.
Historicamente, as gestões petistas em todo o país tem a marca da participação popular, do saudável diálogo com as classes trabalhadoras e da convivência com as pressões sociais. Mais que uma marca do PT, em nossa democracia os espaços dos conselhos de saúde e das conferências de saúde são, por direito, palcos legítimos em que posições adversas se manifestam e pautam a gestão pública.
Como petista, como deputado federal eleito pelo voto popular, como médico da Universidade Federal da Bahia e como trabalhador da área da saúde e tendo sido gestor – com muita honra – da SESAB, não me furtarei a lutar pela manutenção de políticas vitoriosas e contra eventuais equívocos que coloquem em risco a evolução do SUS. Sempre de forma pública e republicana. O sucesso do governo Rui Costa é a garantia da longevidade de um projeto político do qual faço parte e pelo que luto diariamente.
Por fim, saliento que na presente greve outros atores políticos com mandatos eletivos – entre deputados estaduais e vereadores – têm participado de sobremaneira no apoio aos servidores.
Eu manifestei no dia 16, no Plenário da Câmara, meu apelo a servidores e ao governador Rui Costa para que as negociações caminhassem para um acordo célere. Em nenhum momento incitei a greve. Ao contrário, fiz todos os esforços no sentido de que ela fosse evitada. Estive reunido com o governador no sábado anterior à deflagração da greve levando propostas com vistas a evitar a greve.
Na noite desta quarta-feira, diante do fracasso das tratativas, divulguei nota pública sinalizando minha preocupação com o prolongamento das paralisações. Ademais, nada mais poderia ter feito já que me ausentei do estado no dia 17 para uma viagem em família – durante o recesso parlamentar – e retornarei somente no dia 30.
Reitero aqui, todavia, minha solidariedade com os servidores e clamo mais uma vez para que haja um acordo. A paralisação de serviços na saúde prejudica de sobremaneira os usuários do SUS.
Continuarei engendrando esforços com vistas que o diálogo prevaleça e o SUS siga na Bahia a trajetória de expansão pelo Estado.
Deputado Jorge Solla