O Alasca, Estado mais frio dos Estados Unidos, registrou seu dia mais quente de dezembro, em meio a um inverno incomum. As temperaturas atingiram um recorde de 19,4°C na ilha de Kodiak no domingo – quase sete graus mais quente do que a máxima anterior do Estado. No entanto, em outras partes do Alasca as temperaturas têm caído para níveis recordes.
Na cidade de Ketchikan, no sudeste, as temperaturas caíram para -18°C em 25 de dezembro – um dos dias de Natal mais frios da cidade no último século. Os extremos de temperaturas alertaram as autoridades sobre um “Icemageddon” (Armagedon do gelo), já que torrentes de chuva e neve deixaram o gelo duro como cimento revestindo as estradas.
Especialistas dizem que a massa de ar quente que chega do Havaí tornou o ar do Alasca – geralmente frio e seco em dezembro – mais úmido. Isso significa que chuvas fortes e tempestades de neve são mais prováveis nas regiões do interior, longe das áreas costeiras. Uma forte nevasca foi seguida por chuvas torrenciais que deixaram a região coberta de gelo enquanto a chuva congelava rapidamente, resultando em falhas de energia generalizadas, fechamento de estradas e de escritórios.
O Departamento de Transporte e Instalações Públicas do Alasca alertou que gelo espesso se formou nas estradas e as tornou perigosas para os motoristas. “O gelo é extremamente difícil de remover depois de ter aderido à superfície da estrada. Mesmo que as temperaturas do ar estivessem quentes… as estradas estavam abaixo de zero, o que fez com que o gelo aderisse à superfície”, disse o departamento no Twitter.
O gelo provavelmente ficaria grudado nas estradas até pelo menos março ou abril, disse o cientista climático Rick Thoman, do Centro de Avaliação e Política Climática do Alasca, à BBC. A tempestade mais violenta do meio do inverno desde 1937 atingiu a cidade central de Fairbanks durante o Natal, deixando mais de 25,4 cm de neve, explicou Thoman. A quantidade de neve que caiu no domingo foi tanta que desabou o telhado da única mercearia na cidade de Delta Junction, que fica 153 km a sudeste de Fairbanks.
Thoman disse que as explosões de temperaturas extremas de calor e frio nas últimas duas décadas foram um sinal da mudança climática. “Quando todas as peças se juntam em um mundo em aquecimento, vamos ter esses eventos sem precedentes, é isso que esperamos”, disse ele. O frio deve voltar – as temperaturas em Fairbanks estão previstas para cair para abaixo de -29ºC neste fim de semana.
Mas episódios quentes e úmidos provavelmente serão mais comuns no futuro, previu Thoman. “2021 realmente parece ser o ano em que esses eventos extremos de precipitação de fato vieram à tona”, disse ele à BBC.