Debaixo de uma lona improvisada na lateral de um dos veículos, cinco homens se amontoavam na espera do café feito na modesta caixa de cozinha para se proteger da forte chuva que caía na manhã desta sexta-feira, 15, em Camaçari, Região Metropolitana de Salvador. Ao longo do pátio da Ford, muitos outros, vindos das mais diversas partes do Brasil, se dedicavam às mais variadas tarefas para vencer o tédio e a incerteza da volta para casa e do recebimento do suado salário, já que recebem por comissão apenas no ato de entrega das mercadorias.
O anúncio do encerramento das linhas de produção da empresa no Brasil pegou cerca de 90 caminhoneiros que prestavam serviços para a montadora de surpresa. Em condições beirando a insalubridade, já que não possuem estadia, fornecimento de alimentação ou até mesmo acesso à água, captada das torneiras de um banheiro destinado para os vigias da planta da montadora, alguns já acampam nas boleias dos seus veículos desde o último domingo, 10, quando chegaram para realizar a descarga dos materiais no local.
“Cheguei no domingo aqui e só tinham dois caminhões. Aí nos disseram que só iam descarregar na terça-feira pois na segunda era folga da empresa. Quando chegou na segunda veio a notícia e desde então estamos nessa situação aí”, afirmou o motorista Denilson Santos, residente de Camaçari e que buscou a carga em Limeira, a 134km de São Paulo e 1964km de Camaçari.