O governo de Jair Bolsonaro age para evitar ou pelo menos adiar a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado que pode investigar ações e omissões do Executivo no combate à pandemia de covid-19. O pedido de instalação da CPI aguarda decisão do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Nesta quinta-feira, 18, líderes do Senado concordaram em abrir uma comissão de acompanhamento da covid-19 na semana que vem. O colegiado teria menos poder do que uma CPI e não poderia, por exemplo, realizar convocações. Enquanto isso, a estratégia do governo é convencer parlamentares a retirarem assinaturas do requerimento da CPI, inviabilizando a instalação.
Em 2020, o Congresso abriu uma comissão de deputados e senadores para acompanhar as ações do governo na crise. O funcionamento formal, porém, encerrou em dezembro, com o fim do estado de calamidade pública. Agora, o presidente do Senado concordou em reativar um colegiado semelhante na Casa enquanto avalia a possibilidade de uma CPI.
Na semana passada, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, foi a uma audiência pública no Senado e passou por uma sabatina de senadores. O governo esperava que o ato reduzisse a pressão pela CPI, o que não ocorreu. “O presidente do Senado está tentando esticar o tempo para ver se o governo consegue retirar assinaturas. Não vai funcionar, a situação só vai piorar”, afirmou o líder do Cidadania na Casa, Alessandro Vieira (SE), em entrevista ao “Papo com Editor”, do Broadcast Político.
O pedido de instalação da CPI foi protocolado no último dia 4 com 30 das 27 assinaturas necessárias. Parlamentares pressionam pela abertura independentemente da comissão de acompanhamento. “A comissão de monitoramento daria um certo estofo para o governo justificar a instalação mais demorada da CPI. Não basta, nós não nos demos por satisfeitos”, disse o líder da minoria no Senado, Jean Paul Prates (PT-RN), em entrevista coletiva mais cedo. Dida Sampaio/Estadão.