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Câncer está mais comum antes dos 50 anos; saiba como reduzir chances de ter a doença

Letícia Prates, 34 anos, descobriu que tinha câncer aos 25. Ela sentiu uma bolinha na mão esquerda, mas teve dificuldade em conseguir um diagnóstico, já que nem mesmo sua ginecologista acreditava que aquela bolinha pudesse ser um câncer. “Todo mundo me dizia ‘câncer não dói, fica tranquila’, mas eu sentia tudo repuxando. Lembro de pedir a Deus para tirar aquilo de mim. Doía muito”, relembra ela sobre sua presença num grupo só aumenta nos últimos anos: o de jovens que desenvolvem neoplasias antes dos 50 anos de idade.

Quando foi tirar a tal bolinha, a médica informou que ela tinha um câncer invasivo: HER2 negativo hormonal, um tipo de câncer de mama. A partir daí, Letícia foi encaminhada para a oncologia e uma mastectomia total foi realizada antes dos seus 26 anos. “Como eu era muito jovem,  tive dificuldade de conseguir um diagnóstico, porque nem mesmo a minha ginecologista, nem os médicos, acreditavam que aquela bolinha pudesse ser um câncer”, relembra.

Após o tratamento, em que Letícia precisou passar por quimioterapia e tomar  tamoxifeno – medicamento que age bloqueando os receptores de estrogênio nas células cancerosas –, a jovem ficou bem e a doença entrou em remissão. No entanto, dois anos e meio depois, em 2017, Letícia, que morava no interior de São Paulo, descobriu uma metástase nos ossos e linfonodos. O diagnóstico a fez procurar ajuda nos grandes centros da capital paulista. 

Mudança de hábitos
Segundo ela, seu prognóstico não era bom, já que a metástase era muito nova e próxima do primeiro câncer. Em São Paulo, encontrou o oncologista Fernando Maluf, que se comprometeu a fazer um tratamento curativo. Para isso, a jovem precisou mudar seu estilo de vida, cuidar da alimentação e fazer exercícios físicos para ajudar no tratamento.  

Foram necessárias quatro quimios vermelhos, mais 16 quimios brancas e 35 radioterapias, totalizando um ano inteiro de tratamento. Felizmente, desde o início do processo, a doença entrou em remissão e continua controlada até hoje. Para Letícia, a persistência e a disciplina foram fundamentais para vencer o câncer.

“Costumo brincar dizendo que fui impaciente, queria me curar. Hoje estou no controle, minha saúde está ótima”, conta ela.

O caso de Letícia alerta para a importância do diagnóstico precoce do câncer, bem como da importância de adotar hábitos mais saudáveis de vida. Além disso, é importante reforçar que, mesmo após o tratamento, é necessário realizar exames de rotina, já que o controle da doença pode durar até cinco anos.

Cada vez mais comum 
A equipe de pesquisa do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer – coalisão de mais de 300 organizações da saúde que se dedicam à melhoria da atenção oncológica no Brasil, projeto liderado pela Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), por meio de revisão sistemática e análises de casos de pacientes ajudados pela associação, notou que a incidência de câncer em pessoas com menos de 50 anos vinha aumentando. Assim nasceu a decisão de realizar uma análise de dados abertos, fontes oficiais de informação em saúde, para entender este cenário.

A partir do estudo intitulado “Câncer antes dos 50”, feito pelo Observatório de Oncologia, um projeto do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC), detectou que sim, esta era uma realidade entre os brasileiros.

“Conforme envelhecemos, as células também envelhecem. Assim, o sistema de reparação celular começa a falhar e pode, por vários fatores, acontecer o desenvolvimento de um câncer. Mas, segundo o levantamento do Observatório, constatamos que o aumento da incidência e mortalidade por alguns tipos de neoplasias, que até então estavam relacionadas com o avanço da idade, vem acontecendo em pessoas cada vez mais jovens. E dentre os motivos estão os maus hábitos cotidianos e o estilo de vida não saudável, o que aumenta a exposição aos principais fatores de risco”, explica Catherine Moura, médica sanitarista, CEO da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) e líder do TJCC.

O câncer de próstata teve um aumento de incidência de 5,2% nessa população, e a obesidade é um de seus fatores de risco. O câncer de cólon e reto teve um aumento de incidência de 3,4% nessa faixa etária, e ele está muito ligado à má alimentação e sedentarismo.  A mortalidade por câncer de mama em mulheres mais jovens aumentou em 2,5%, e sedentarismo e obesidade também são seus fatores de risco.

“Os resultados completos apresentados neste estudo evidenciam a necessidade de estabelecer de forma prioritária e urgente políticas públicas de prevenção e controle do câncer no Brasil. É fundamental alertar, por meio de ações informativas, sobre a importância de adotar hábitos saudáveis, como a prática de atividade física regular, evitar consumo de bebidas alcoólicas, evitar o tabagismo e adotar alimentação saudável e balanceada”, salienta a especialista.

Fatores de risco 
Existem diversos fatores de risco para o desenvolvimento da doença, incluindo idade, histórico familiar, tabagismo, obesidade e exposição a agentes cancerígenos. A prevenção é uma das principais medidas para evitar o câncer, e inclui a adoção de um estilo de vida saudável e a realização de exames de rotina. Também é importante estar atento aos sintomas da doença, e procurar ajuda médica o mais cedo possível. Leia mais aqui