Desde março de 2020 estamos convivendo com a pandemia provocada pelo novo coronavírus. Tempos conturbados, que influenciaram diretamente nas rotinas diárias das pessoas. E isso inclui a prática de exercícios físicos. Já é comprovado que se manter fisicamente ativo reduz o risco de manifestação de estágios mais graves da Covid-19 e ainda reduz as chances de morte por contaminação do vírus. Dessa forma, a atividade física passou a ser considerada um dos principais meios de prevenção. Claro que em conjunto com o distanciamento social, o uso de máscara, a higiene das mãos, a vacina.
Agora, um novo estudo publicado em abril na revista Sports Med – que reuniu pesquisadores de universidades inglesas, escocesas, belgas e espanholas – associa a prática regular de atividade física a um maior número de anticorpos após a vacinação e a uma redução de 31% no risco de infecções e de 37% na chance de morte em função das mesmas. “A atividade física regular fortalece o sistema imunológico do ser humano, reduz em mais de um terço o risco de adoecer e morrer de doenças infecciosas”, comenta Guilherme Reis, Coordenador Geral da Rede Alpha Fitness.
O novo estudo reuniu os dados de mais de 500 mil pessoas e conseguiu chegar às seguintes conclusões: praticar 30 minutos de atividade física cinco dias por semana reduz em 31% o risco de adquirir infeções fora do ambiente hospitalar; há também a redução de 37% do risco de adoecer e morrer de doenças infecciosas. Em 35 ensaios clínicos a atividade física regular resultou em níveis elevados de imunoglobulina IgA, anticorpo que reveste a membrana mucosa dos nossos pulmões e outras partes do nosso corpo onde os vírus e bactérias podem entrar. A atividade física regular também aumenta o número de células T CD4, responsáveis por alertar o sistema imunológico de um ataque, bem como regular a sua resposta. Nos ensaios clínicos, as vacinas parecem mais eficazes se forem administradas após um plano de atividade física. Uma pessoa que é fisicamente ativa tem 50% maior probabilidade de ter uma contagem de anticorpos mais alta após a vacina.
Mas, para que os benefícios da atividade física sejam conferidos, é necessário ter consistência na sua prática. Exercício físico regular significa praticar de três a cinco vezes na semana; entre 30 e 90 minutos por dia, alcançando um mínimo de 150 minutos semanais, mas de preferência 300 minutos semanais; e durante pelo menos quatro semanas para que os efeitos dessa atividade comecem a ser percebidos. A atividade física, assim como um medicamento, tem a dose certa recomendada, e tem que ser tomada dentro da sua “faixa terapêutica”. Em função dos resultados, chegou-se à conclusão de que os extremos são prejudiciais. Portanto o equilíbrio é de fundamental importância. Pessoas que fazem pouca atividade física ou são sedentárias, têm maior risco de infeção; assim como pessoas que fazem atividade física em excesso podem ter uma maior risco de infeção. “O exercício físico ajuda no combate às infeções, uma vez que exerce efeito anti-inflamatório e também pelo fato de reduzir a ocorrência de doenças como obesidade e diabetes. Condições estas que já são conhecidas por agravarem prognósticos de uma infeção”, acrescenta Guilherme.
Embora não se saiba exatamente qual o mecanismo, é possível que a atividade física melhore outras condições metabólicas, como obesidade e diabetes, condições que diminuem a resposta vacinal. O exercício físico também minimiza o risco de doenças endócrinas, que diminuem a resposta vacinal. Isso porque diversas condições endócrinas podem ser consideradas como estados de imunossupressão. Ou seja, situações nas quais o nosso sistema de defesa não funciona tão bem quando deveria. “A cada novo estudo feito dentro desse contexto da COVID-19, a atividade física ganha mais importância e notoriedade. Os sistemas de saúde, as gestões municipais e federais deveriam olhar com mais atenção para isso, pois a prática de atividades físicas é parte da solução”, conclui o Coordenador Geral da Rede Alpha Fitness.