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Patrimônio histórico fundado no século 19 na Bahia sofre com degradação, construção irregular e abandono

Sob a gestão do IPAC-BA (Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia), o Passeio Público de Salvador vem sofrendo diversos problemas relacionados à degradação do patrimônio público: como deficiência de iluminação e de preservação do espaço, ausência de porteiro na guarita, construção irregular na vizinhança e falta de fiscalização dos veículos que estacionam no local. Todo esse descaso se soma à interdição do portão da entrada principal, pela avenida sete de setembro, e a negligência com a retomada das atividades culturais, de lazer, turismo e visitação pública ao local.

A negligência com o Passeio Público de Salvador se agravou com a pandemia e permitiu a ampliação irregular do gabarito de um imóvel residencial, ao lado do Teatro Vila Velha, na Rua da Gamboa de Cima, que já havia sido embargada pelo IPAC, entre 2007 e 2010, justamente por descaracterizar a paisagismo e o padrão arquitetônico de uma área tombada, no entorno de um patrimônio material tombado: o Palácio da Aclamação, que data do final do século 19. Foi instalado um acesso da casa direto para o mirante, por uma escada instalada na laje. A casa fica bem em frente ao Flat Solar da Gamboa. E a questão que fica é: como é que o Ipac, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (CREA/BA) permitem esse tipo de intervenção irregular?

“O Passeio Público de Salvador aos poucos foi entregue a falta de cuidados, falta de manutenção… Abandonado pelos Poderes Públicos, favorecendo a degradação, atos de vandalismo e total descaso. Com a calamidade pública da Pandemia de Covid-19 – este local que já teve sua época de ouro – foi entregue ao seu total abandono. Urge a necessidade de que o local venha a ser olhado pelo estado e pelo município, no sentido de revitalizá-lo, para resgatar a sua finalidade primordial dedefc patrimônio público oficial de Salvador e da Bahia”, denuncia Zanoni Sampaio Ferrari, Líder Comunitário da Central de Lideres Comunitários de Salvador.

Uma outra grande contradição do Passeio Público de Salvador é a ausência de acessibilidade, justamente no local onde está sediada a Abadef – Associação Baiana de Deficientes Físicos, presidida pela assistente social Silvanete Brandão; e onde muitas pessoas com deficiência são atendidas.

Entretanto continua a ser um pulmão verde e oásis de tranquilidade e silêncio, em meio ao movimentado centro da cidade, para os moradores do entorno. O Passeio Público também reúne um conjunto de monumentos históricos, e árvores seculares, inclusive palmeiras imperiais plantadas durante a visita de D.Pedro II. Sem falar no tradicional Teatro Vila Velha, que há 57 anos é um centro cultural de referência para todo o Brasil.