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Ex-deputado e irmãos de Nizan e Jutahy Jr. são citados em delação de propina no RJ

Os baianos André Guanaes (irmão do publicitário Nizan Guanaes), Sergio Tourinho Dantas (ex-deputado federal), Juracy Magalhães Neto (irmão de Jutahy Magalhães) e Carlos Antonio Andrade foram citados em delação premiada de Daniel Gomes, que gerou a Operação Calvário. Os quatro são acusados de integrar esquema de pagamento de propina através da contratação do Instituto Sócrates Guanaes (ISG) para a gestão dos hospitais estaduais nas cidades de Araruama e Niterói, no estado do Rio de Janeiro. A operação Calvário foi homologada pelo Superior Tribunal de Justiça e já resultou na prisão de servidores e ex-servidores de alto escalão na estruturado governo da Paraíba. Em dezembro, uma das fases da operação acabou com a prisão do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB).

A delação feita pelo empresário que detinha contratos na área da Saúde no Rio aponta que, entre os beneficiados pelo esquema, estão nomes como o ex-deputado federal Candido Vaccarezza (PT) e o deputado federal Leonardo Piccianni (MDB).

Conforme a transcrição da delação de Daniel Gomes, entre 2013 e 2014, o Instituto Sócrates Guanaes (ISG) foi incluído no esquema através de Sérgio Tourinho, então responsável pelo jurídico pela entidade, que, em uma reunião com o delator e o doleiro Jorge Luz, foi representado por André Guanaes. No encontro, Luz teria afirmado que o ISG era qualificado como Organização Social (OSS) na Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro, mas até então nunca havia ganhado licitações no estado por falta de interlocução política. O instituto foi fundado em Salvador em julho de 2000 e a partir de 2012 iniciou um processo de expansão por outros estados brasileiros, conforme o site da entidade.

“Jorge [Luz] e eu fizemos algumas reuniões com André Guanaes, Sérgio Tourinho, Newton Quadros (responsável técnico do ISG) e Carlos Andrade (responsável financeiro do ISG) para tratar de quais seriam as possibilidades de atuação e como seria a participação de cada um no ISG no Rio de Janeiro. Ajustamos os detalhes e firmamos um contrato para a gestão conjunta do ISG no Rio de Janeiro”, disse o delator que acrescentou que o termo foi assinado por Katia Maria Rodamilans Guanaes Gomes, presidente da OSS e esposa de André Guanaes, através das empresas GEA Projetos, de propriedade do doleiro Jorge Luz.

O delator afirma que, por fim, a contratação aconteceu. Durante o depoimento Daniel Gomes ainda relatou que a efetivação do contrato só aconteceu mediante interlocução do deputado Leonardo Piccianni.

Em outro ponto da delação, o interlocutor lembra que, antes de iniciar o Contrato do Hospital Estadual Roberto Chabo, André Guanaes relatou que o Instituto Sócrates Guanaes estava com dificuldades financeiras e, a pedido de todos os envolvidos na operação, Daniel Gomes emprestou recursos próprios para quitar as dívidas da instituição, que incluíam débitos pessoais de André Guanes. “Acordamos que o ISG me devolveria o valor emprestado em parcelas juntamente com os valores de propina que seriam a mim repassados”, reconheceu Gomes.

“Assinado o contrato de gestão da unidade de saúde de Araruama, defini com Jorge Luz e André Guanaes quais empresas fornecedoras contrataríamos para efetivar os desvios necessários para formar o caixa da propina, assim como as pessoas que iriam trabalhar no Hospital Roberto Chabo. Definimos, ainda naquela oportunidade, as participações de cada um na divisão da propina e como receberíamos”, disse Gomes em outro trecho na delação.

Os envolvidos no esquema chegaram a criar um conselho gestor, segundo o delator, conforme memorando de entendimentos firmado entre a empresa GEA e o ISG. O conselho era formado por pessoas de confiança de cada grupo. Conforme a delação, as indicações de André Guanaes foram dos superintendentes do Instituto Sócrates Guanaes Renato Gomes do Espírito Santo, João Marcelo Coelho Alves, Carlos Antônio Andrade, Newton Quadros, e o conselheiro do ISG Juracy Magalhaes Neto. Este último era a pessoa de confiança de André Guanaes, mantinha contato direto com Paulo Azevedo e Maurício Neves e tinha a responsabilidade de repassar as parcelas da propina para Jorge Luz e para Daniel Gomes, que fez a delação. *Com informes do Bahia Notícias.