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Comandante do Exército fala em evitar ‘nova Comissão da Verdade’

O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, afirmou nesta segunda-feira (19),  durante a reunião dos Conselhos da República e de Defesa Nacional que os militares que atuarão na intervenção da segurança do Rio precisam de “garantias” para que não enfrentem “uma nova Comissão da Verdade”. A comissão, que funcionou entre 2012 e 2014, apurou as violações de direitos humanos ocorridas durante a Ditadura de 1964, tendo como foco principal os desaparecidos políticos.

— Os militares precisam ter garantia para não enfrentar daqui a 30 anos uma nova Comissão da Verdade pelo que vamos enfrentar no Rio durante a intervenção — disse, segundo dois dos presentes.

Segundo quem estava na reunião, Villas Bôas mencionou isso ao destacar o risco de enfrentamento das tropas com as quadrilhas armadas da cidade, que pode provocar mortes. O general também solicitou recursos financeiros, equipamentos e até mesmo que o Planalto faça uma campanha publicitária em defesa da ação. O general avaliou que as Forças precisarão do apoio da população em um momento em que as autoridades públicas estão desacreditadas.

Na reunião, os dois conselhos aprovaram, por maioria dos votos, o apoio à intervenção. Os dois conselhos funcionam como órgãos consultivos do presidente da República para o caso e, por isso, não possuíam poder de vetar a medida. Entre os membros do Conselho de Defesa Nacional, a aprovação foi por unanimidade.

PETISTA VÊ FALTA DE DADOS

Já no o Conselho da República dois membros se abstiveram: os líderes da minoria no Senado e na Câmara, senador Humberto Costa (PT-PE) e deputado José Guimarães (PT-CE), opositores ao governo. Eles criticaram a medida e disseram que o governo não apresentou dados sobre a segurança no Rio.

— A deliberação, por maioria, foi de aprovar a intervenção. No entanto, não nos foram dadas as informações necessárias. Por exemplo: não nos deram dados sobre o crescimento da criminalidade no Rio, como é alegado, nem sobre resultados de ações anteriores em que foram utilizadas as Forças Armadas. Não tivemos ainda previsão de gastos e muito menos uma análise de planejamento sobre que resultado se espera a curto e médio prazo — afirmou Humberto Costa.

Participaram da reunião na manhã desta segunda, além do presidente Temer, os presidentes da Câmara e do Senado; os líderes do governo, da maioria e da minoria na Câmara e no Senado; os ministros da Defesa, da Justiça, da Casa Civil, da Secretaria-Geral da Presidência, da Fazenda, do Planejamento, das Relações Exteriores, da Secretaria de Governo e do Gabinete de Segurança Institucional; os comandantes da Aeronáutica, do Exército e da Marinha; além de três representantes da sociedade civil indicados para compor o Conselho da República. Agência O Globo.