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Bispo de Grajaú (MA), filho de Jaguaquara, foi recebido pelo Papa após curso de formação no Vaticano

Foto/Divulgação Vaticano

Discernimento, colegialidade, alegria do Evangelho: estes foram alguns dos elementos ressaltados pelos bispos brasileiros que foram recebidos em audiência (14/09) pelo Papa Francisco, ao final do curso de formação para novos prelados.

 

O Brasil esteve altamente representado neste encontro, com cerca de 20 bispos. Sobre as palavras que o Pontífice lhes dirigiu, ouça os Auxiliares de Manaus (AM), Dom Edmilson Tadeu Canavarros dos Santos e Dom José Albuquerque de Araújo; o Bispo de Grajaú (MA), Dom Rubival Cabral; e o Bispo de Floriano (PI), Dom Edvalter Andrade:

 

O Bispo de Grajaú (MA), Dom Rubival Cabral, jaguaquarense , esteve entre os recebidos pelo papa no vaticano.

Novos bispos brasileiros comentam audiência com o Papa: ouça abaixo;

 

Os prelados participaram do curso de formação para os novos bispos, promovido pela Congregação para os Bispos. Do Brasil, participaram vinte prelados.

O Papa manifestou a alegria de conhecer pessoalmente e aprofundar com os novos bispos da Igreja, a graça e a responsabilidade do ministério que receberam.

Discernimento espiritual e pastoral

O discurso do Pontífice se deteve no discernimento espiritual e pastoral, necessário para que o povo chegue ao conhecimento e realização da vontade de Deus. O Espírito Santo é o protagonista de todo discernimento autêntico.

“Não muito tempo atrás, a Igreja invocou sobre vocês o “Spiritus Principalis” o “Pneuma hegemonikon”, a força que o Pai doou ao Filho e que Ele transmitiu aos santos apóstolos, ou seja, o Espírito que sustenta e guia. 

“Somente quem é guiado por Deus tem título e credibilidade para ser proposto como guia dos outros. Pode ensinar e fazer crescer no discernimento somente quem tem familiaridade com esse mestre interior que, como uma bússola, oferece os critérios para distinguir, para si e para os outros, os tempos de Deus e sua graça; para reconhecer a sua passagem e o caminho de sua salvação; para indicar os meios concretos, agradáveis a Deus, a fim de realizar o bem que Ele predispõe em seu plano misterioso de amor para cada um e para todos. Essa sabedoria é a sabedoria prática da Cruz, que mesmo incluindo a razão e a sua prudência, as ultrapassa, porque conduz à fonte de vida que não morre, ou seja, conhecer o Pai, o único Deus verdadeiro, e aquele que Ele enviou, Jesus Cristo.”

Discernimento e oração

Segundo o Papa, “um bispo não pode dar como certo a posse de um dom tão elevado e transcendente, como se fosse um direito adquirido, sem cair num ministério infecundo. É preciso implorá-lo continuamente como primeira condição para iluminar toda sabedoria humana, existencial, psicológica, sociológica e moral que pode nos servir na tarefa de discernir os caminhos de Deus para a salvação daqueles que nos foram confiados”.

“O discernimento nasce do coração e na mente do bispo através de sua oração, quando coloca em contato as pessoas e as situações confiadas a ele com a Palavra divina proferida pelo Espírito. É nessa intimidade que o Pastor amadurece a liberdade interior que o torna firme em suas escolhas e em seus comportamentos, pessoais e eclesiais. Somente no silêncio da oração é possível aprender a voz de Deus, encontrar os traços de sua linguagem e ter acesso à sua verdade”.

Discernimento e escuta

“O discernimento é um dom do Espírito à Igreja ao qual se responde com a escuta”, disse ainda o Papa. “O Bispo é chamado a viver o próprio discernimento de Pastor como membro do Povo de Deus, numa dinâmica sempre eclesial, a serviço da koinonìa (comunhão). O bispo não é um pai patrão autossuficiente e nem um pastor solitário amedrontado e isolado.”

“O discernimento do Bispo é sempre uma ação comunitária que não prescinde da riqueza do parecer de seus presbíteros e diáconos, do parecer do Povo de Deus e de todos aqueles que podem oferecer-lhe uma contribuição útil.”

“No diálogo sereno, ele não tem medo de partilhar, e às vezes modificar, o próprio discernimento com os outros: com os confrades no episcopado, com os próprios sacerdotes, e com os fiéis”, disse o Papa.

Francisco convidou os bispos “a cultivarem o comportamento de escuta, crescendo na liberdade de renunciar ao próprio ponto de vista para assumir o ponto de vista de Deus”.

“A missão que os espera não é a de trazer ideias e projetos próprios, nem soluções abstratamente criadas por quem considera a Igreja um quintal de sua casa, mas humildemente, sem protagonismos ou narcisismos, oferecer o seu testemunho concreto de união com Deus, servindo o Evangelho que deve ser cultivado e ajudado a crescer naquela situação específica.”

“Discernir significa, portanto, humildade e obediência. Humildade em relação aos próprios projetos. Obediência em relação ao Evangelho, ao Magistério, às normas da Igreja universal e à situação concreta das pessoas.”

Para Francisco, “o discernimento é um remédio contra a imobilidade do ‘sempre foi feito assim’ ou do ‘levar tempo’. É um processo criativo que não se limita a aplicar esquemas. É um antídoto contra a rigidez, pois as mesmas soluções não são válidas em todos os lugares”.

O Papa convidou os bispos a terem uma delicadeza especial com a cultura e a religiosidade do povo, cuidar e dialogar com o povo.

Crescer no discernimento

“Devemos nos esforçar para crescer num discernimento encarnado e inclusivo, que dialogue com a consciência dos fiéis que deve ser formada e não substituída, num processo de acompanhamento paciente e corajoso, para que possa amadurecer a capacidade de cada um, fiéis, famílias, presbíteros, comunidades e sociedade, chamados a progredir na liberdade de escolher e realizar o bem que Deus quer. A atividade de discernir não é reservada aos sábios, aos perspicazes e aos perfeitos. Ao contrário, Deus muitas vezes resiste aos soberbos e se mostra aos humildes.”

“O Pastor sabe que Deus é o caminho e confia em sua companhia. Por isso, o discernimento autêntico é um processo sempre aberto e necessário que pode ser completado e enriquecido.”

“Uma condição essencial para progredir no discernimento é educar-se à paciência de Deus e aos seus tempos que não são os nossos. Cabe a nós acolher todos os dias de Deus a esperança que nos preserva de toda abstração, pois nos permite descobrir a graça escondida no presente sem perder de vista a longanimidade de seu desígnio de amor que vai além de nós”, concluiu o Papa.

Fonte é a MJ.